Cistite – Essa palavra vem do Latim Cystis, derivado do grego KI‘ STIS, que significa bexiga. A cistite é denominação que se dá para as inflamações e/ou infecções da bexiga, causadas freqüentemente por bactérias nocivas na urina. Uma delas é a bactéria conhecida por Escherichia coli. A mesma encontra-se nas fezes. Em situações especiais, essa bactéria migra contaminando a região perineal (área onde se localizam os órgãos genitais). Após um período de multiplicação, essa bactéria pode invadir a uretra e se localizar na bexiga, causando uma cistite infecciosa. Essa situação é mais fácil de acontecer nas mulheres, devido principalmente, a causas anatômicas.
Cistite aguda é a infecção bacteriana mais comum que ocorre em mulheres. Das mais de 30% de mulheres que apresentarão pelo menos um episódio de cistite durante a vida, 20% terão cistite recorrente.
Outro tipo de cistite não rara é a cistite intesticial de causa desconhecida. É uma inflamação crônica, insidiosa, com a tendência de diminuir a capacidade da bexiga, trazendo dor e desconforto para a paciente.
Devemos sempre lembrar da presença de divertículo uretral nas mulheres com cistite de repetição,
A flora vaginal é naturalmente habitada por bactérias, que nem sempre causam infecções.
Em condições normais, existe uma série de fatores que ajudam a combater as infecções. Entre eles: o pH ácido da vagina, que dificulta a aderência bacteriana; a micção, que é um fator mecânico eficiente na remoção das bactérias que eventualmente penetrem na bexiga; e a presença do pH ácido da urina, que dificultam o crescimento bacteriano.
Porém, existem alguns fatores que predispõem às infecções urinárias. Alguns dos principais são:
A história do paciente é importante na localização do órgão envolvido. O exame qualitativo de urina nos dá idéia da quantidade de leucócitos, hemácias e densidade. Entretanto, o exame mais importante é a urocultura com antibiograma. Esse exame é o único que fará o diagnóstico entre uma cistite infecciosa e uma não infecciosa. Ele identifica a bactéria e através do antibiograma orienta na escolha do antibiótico mais apropriado ao tratamento. Se a urocultura apontar ausência de germes, o diagnóstico de cistite não infecciosa é o mais provável. Existem situações que mimetizam uma cistite como é o caso do carcinoma “in situ” da bexiga e o diagnóstico é feito através de biópsias e a mucosa vesical. Cálculos de extremidades de ureter podem dar sintomas semelhantes à cistite. Doenças neurológicas que afetam a bexiga são outro exemplo.
Uma vez diagnosticado uma cistite infecciosa, deve-se procurar a sua causa. Exames de imagem (radiografias do aparelho urinário, ecografias) e cistoscopia devem ser solicitados conforme o caso. A abordagem diagnóstica varia conforme a idade e o sexo do paciente. O mesmo vale para as cistites não infecciosas.
As mulheres com cistite apresentam grande aumento do número de micções, com pequenos volumes de urina eliminados de cada vez, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, ardor na uretra, dor na bexiga que piora no final da micção, jato urinário fraco e, algumas vezes, sangue vivo na urina. Nem sempre todas as manifestações estão presentes e a intensidade das mesmas pode variar. Ë importante dizer que muitos destes sintomas são comuns a outras doenças da via urinária, portanto, só com a cultura de urina positiva é que podemos afirmar que a mulher tem cistite infecciosa.
Embora em alguns casos de cistite possa ocorrer cura espontânea, a maioria das pacientes precisa ser tratada com drogas antimicrobianas. O tempo de tratamento varia de acordo com a intensidade e o tipo de medicação indicada. Tratamentos inadequados (tipo de medicação e tempo inapropriados) são a principal causa de repetição ou de cronificação de cistites. O emprego de analgésicos e banhos de assento em água quente podem atenuar os sintomas na fase aguda.
Algumas medidas simples podem reduzir de forma significativa as chances da mulher ter cistites: a) micções freqüentes: a micção representa um dos mecanismos de defesa mais importante do trato urinário contra a invasão de bactérias (o fluxo de urina “lava” a bexiga e a uretra). Por isso, é importante a ingestão de líquidos regularmente para produzir urina e principalmente urinar pelo menos a cada quatro horas. b) Higiene pessoal: a higiene feminina implica em cuidados com os orifícios anal, vaginal e uretral de modo a evitar que bactérias intestinais, eliminadas principalmente por ocasião das evacuações, penetrem na vagina e na uretra. Estas medidas devem ser ensinadas na infância e incluem o uso de água corrente ou chuveirinho para lavar-se após as evacuações, (no caso de não ser possível, usar o papel higiênico no sentido de frente para trás e nunca o contrário). Os desodorantes íntimos devem ser evitados, pois podem causar irritação local.c) Roupas: devem ser evitadas roupas justas e calcinhas de material sintético, pois estas impedem a circulação de ar na região genital, tornando o ambiente favorável ao crescimento de bactérias nocivas. d) Infecções vaginais: as infecções da vulva e vagina que em geral se manifestam em todas as pacientes com propensão às cistites, tornam o local mais suscetível à ação de bactérias intestinais e portanto às cistites. e) Atividade sexual: algumas mulheres costumam apresentar cistites após atividade sexual e neste grupo podem ser adotados cuidados preventivos que reduzem a incidência de infecções:
Evitar relações sexuais com a bexiga cheia (mais deve-se “guardar” um pouco de urina na bexiga para urinar logo após a relação).
Dentro do possível, estar bem lubrificada no momento da relação e se isso for difícil utilizar lubrificantes artificiais neutros. A falta de lubrificação facilita a lesão do orifício uretral e do revestimento da vagina.
Evitar posições dolorosas, pois nesses casos pode estar havendo lesão em algum ponto do revestimento vaginal.
Dentro do possível, fazer higiene da região anal e vaginal antes da relação, para diminuir a população de bactérias nocivas.
Os distúrbio intestinais devem ser controlados com uma boa dieta alimentar. A prisão de ventre pode ser amenizada com uma dieta rica em alimentos integrais, legumes, frutas, além da ingestão de líquidos.